Renda de Bilro

O resgate de uma tradição

Originária da Europa e trazida para o Brasil pelos portugueses, o tecer das renda de bilros foi um ofício de muitas mulheres, e também de homens, por todo o Brasil, principalmente em cidades litorâneas, desde o século passado. No Espírito Santo há registros desta prática em diversas cidades como Conceição da Barra, São Mateus, Colatina e Guarapari, sendo que Meaípe já sediou a Casa da Rendeira. Em Vila Velha, mais precisamente na Barra do Jucu,  tecer rendas era trabalho para as mulheres e filhas de pescadores, enquanto estes iam para o mar e para o Rio Jucu em busca de peixes, e se somava na renda para o sustento de famílias numerosas.   Com o avanço das rendas industrializadas, o trabalho manual perdeu valor, levando a renda de bilro ao quase desaparecimento. Desde 2015, o Museu Vivo da Barra do Jucu vem se empenhando para resgatar esta tradição na comunidade.

Saiba mais sobre a história da renda de bilro na Barra do Jucu.

 

Períodos importantes

1920 a 1970 – Período que mais se produziu renda na Barra do Jucu.

Inicio dos anos 2000 – D. Enedina, que havia parado de fazer rendas por volta de 1970, volta a fazer renda para a família e para algumas peças da Igreja Nossa Senhora da Gloria

Por volta de 2005 – Bernadete Maria Marques Calazans encomenda a confecção de 50 bilros a um marceneiro e tenta resgatar o oficio junto com as mães das crianças matriculadas na ABECA (Associação Beneficente da Criança e do Adolescente da Barra do Jucu), sem contudo obter êxito.

2015 – Criação do Museu Vivo da Barra do Jucu, que teve como primeiro  trabalho de resgate de tradições, as rendas de bilro – busca de registros a respeito das rendas, utensílios utilizados, oficineiras que se dispusessem ao repasse.

2016 – Inicio efetivo das oficinas de rendas de bilros patrocinadas pelo Museu Vivo da Barra do Jucu.

Museu Vivo incentiva resgate da tradição

Em 2015, após mais de 30 anos do término desta atividade laboral e artística na Vila, o Museu Vivo da Barra do Jucu iniciou o trabalho de resgate desta tradição, outrora tão importante para a formação da família barrense. Num modelo diferente de aprendizado e de atividade, o Museu Vivo da Barra do Jucu cria uma oficina de Rendas de Bilro no prédio da Prefeitura Municipal de Vila Velha onde funcionava o antigo posto de saúde da localidade, na Avenida Ana Penha Barcelos. Com o uso do espaço permitido pela Assembleia da Associação de Moradores da Barra do Jucu, que detinha a disponibilidade do imóvel sem uso específico da área há cerca de seis anos, o Museu começa ali suas atividades, tendo a Renda de bilro como primeiro objeto de resgate efetivo.

A instrutora, Rosa Leão Malta, conhecida como D. Rosinha, foi  quem orientou também na confecção dos bilros, das almofadas, dos encostos, dos piques e de todos os outros utensílios necessários. Foi ainda desenvolvido um protótipo de cavalete para suporte da almofada durante o feitio da renda pelo designer Paulo Cezar Pinheiro Guedes, arquiteta Regina Maria Ruschi e Luthier Fernando Secomandi.

Após ajustes, esses cavaletes passaram a ser utilizados por todas as alunas da oficina. Antigamente as rendeiras apoiavam a almofada sobre uma cadeira ou trabalhavam sentadas no chão, em camas ou sofás, o que não dava uma condição muito ergonômica para o trabalho.

Saiba mais sobre o processo de confecção da renda de bilro e as ferramentas utilizadas.