Mestre Daniel e os Tambores de Congo

Iaiá você vai a Penha
Me leva, ô me leva.
Eu vou criar capricho
Meu bem vou trabalhar
Eu tenho uma promessa a pagar
Essa promessa que eu tenho a pagar
É prá santa padroeira
Ela vai me ajudar

Jongo cantando pelas bandas de congo da Barra do Jucu

Seu Daniel Vieira dos Santos, mestre da Banda Mestre Honório, vem desde o ano 2000 produzindo uma grande quantidade de tambores de variados tamanhos e formatos, cuícas, atabaques e caixas de couro. Ele abriu no Espaço do Congo da Banda Mestre Honório, que ele chama de fábrica de tambores. Ele domina a arte da fabricação e encouramento de tambores, o que dá a diferença de sonoridade a cada tipo de tambor, tambor de condução, de marcação e de repique. Técnica que poucos conhecem hoje na Barra.

Seu Daniel usa madeira de reflorestamento para fazer seus tambores, couro de boi e rebites e placas de aço, eles ficam bem mais leves do que os feitos em barricas de vinho ou de cachaça, que eram os mais usados antigamente.

Ele vende os instrumentos individualmente ou em conjunto, para outras bandas ou para escolas e outras entidades que querem formar suas bandas. Vende para todo Brasil e tem instrumentos em várias partes do mundo. Já produziu mais de 1800 tambores, mas esta arte está se perdendo, poucos sabem fazer como ele.

Para a fabricação do tambor seu Daniel usa madeiras leves como pinos. Corta ripinhas no tamanho desejado, esquenta no fogo e vai envergando para tomar a forma de um barril. Corta três anéis de uma chapa de aço e prende os três com rebites na madeira para dar a forma de barril.

Antigamente, na época dos índios, os tambores eram chamados de guararás e eram feitos de troncos de árvores ocados da mata e pele de caça, como capivara, viado, paca etc. que eram pregados com tarugos de madeira. Mais recentemente foram feitos com barris de vinho ou de cachaça e couro de boi fixado com pregos. Mas ficavam muito pesados. Os tambores de Seu Daniel são feitos com material bem mais leve, ficam mais fáceis de carregar durante as celebrações.

O grande segredo da confecção de tambores é o encouramento, que dá a diferença do som estriado do instrumento. O couro é de boi e fixado com pregos, em forma de triângulo gera um tambor de repique, em forma de quadrado de marcação e em forma de círculo um tambor de condução. Esse é o principal segredo que está sendo perdido.

Mais sobre o Congo no site do Ponto de Memória: