Congo

Vamos mana, vamos mana
Vamos jogar douradinha.
Se eu perder você me ganha
Se eu ganhar você é minha.
Vamos mana, vamos mana
Vamos na praia brincar.
Vamos ver a lancha nova
Que do céu caiu no mar.
E Nossa Senhora vem dentro
Nosso Senhor no altar.
São José o contra-mestre
Com seus anjinhos a remar

Jongo cantando pelas Bandas de Congo da Barra do Jucu

 

As Bandas de Congo são grupos musicais da cultura popular capixaba, que ao apresentar seus “jongos” tradicionais, os intercalam com versos improvisados no momento, que geralmente comentam fatos do cotidiano dos participantes. Elas são manifestações culturais que se exprimem através da música, poesia, ritmo, dança, canto e religiosidade. São muito antigas, portam bandeiras próprias, são representativas da nossa terra. A cantoria é apoiada por tambores, caixa, casacas, chocalhos, e coordenados por um apito ou batidas na lateral da caixa. No Espírito Santo existem hoje 66 Bandas de Congo, em diferentes regiões do Estado. Na Barra do Jucu são três bandas: Banda Mestre Honório, Banda Mestre Alcides e Banda Tambores de Jacarenema. Em 2014, o Conselho Estadual de Cultura reconheceu o Congo como Patrimônio Imaterial do Espírito Santo. Saiba mais sobre os materiais e infraestrutura das bandas de congo.

O período mais importante para as Bandas de Congo é o que decorre entre o dia de São Benedito, 27 de dezembro, e o de São Sebastião, 20 de Janeiro. Como não são feriados em Vila Velha, as Festas das Fincadas dos Mastros de São Benedito acontecem nos três últimos domingos de dezembro, com uma fincada de mastro para cada banda. Já a Festa da Retirada do Mastro acontece nos finais de semanas próximos a 20 de janeiro, em homenagem a São Sebastião, cada banda em um dia diferente. Assim, entre dezembro e janeiro, acontecem seis celebrações do congo na Barra do Jucu, em dias diferentes. Saiba mais sobre a história do congo.

A escravidão do Brasil, ainda colônia portuguesa, que sincretizava regiões de raízes africanas com o catolicismo, dá sentido a se ter um santo, como São Benedito, e uma santa, como Nossa Senhora do Rosário, nas festas do Congo. O primeiro é referência ao Preto Velho de Angola, a segunda toma o espírito de Iemanjá, do culto afro; e de Iara das Águas, do culto indígena. Formam o sincretismo religioso e são instrumentos da catequese jesuítica. Saiba mais sobre as origens e significados do congo.

A primeira festa de São Benedito de que se tem notícia na Barra do Jucu, com a participação do Congo e a fincada do mastro, ocorreu em 1974, sob influência do que já se fazia há muitos anos em outras comunidades ribeirinhas do Rio Jucu, como Itapuera, Jaguaruçu, Camboapina, Caçaroca etc., e também no município da Serra. Antes disso já se fazia a festa do santo, mas sem o mastro.

O mastro tem um poder mágico para os participantes da festa, que fazem vários pedidos e acreditam no poder do santo para atendê-los. Por essa razão, ao ser fincado, os devotos colocam nele a palma de uma das mãos e, firmando o pensamento no santo e em sua bandeira que vai no alto, fazem seus pedidos e agradecimentos.

O Mastro algumas vezes é carregado em uma réplica de navio, que representa o navio Palermo, um dos navios negreiros naufragados na costa do Espírito Santo, que deu origem a lenda do Mastro de São benedito: Os navios negreiros tinham em seu mastro central a imagem ou um quadro de São Benedito. Quando um desses navios naufragava perto da costa brasileira a maior peça que boiava era o mastro. Várias pessoas conseguiam se salvar segurando no mastro e quando chegavam às praias oravam para São Benedito, pois fora o seu mastro que os havia salvado. Assim surgiu a festa do mastro do santo negro.

Mais sobre o Congo no site do Ponto de Memória: