Barra do Jucu

Barra do Jucu é um pequeno balneário de Vila Velha, ainda tranqüilo, localizado a 15 quilômetros do centro da cidade, que atrai muita gente por seu alto astral. É um dos locais de destaque da nossa cidade. A região tem de tudo: montanhas, rios, mar e lagoa, reservas ecológicas, o agito das festas como o carnaval e a calmaria das pequenas cidades no restante do tempo. Suas ruelas ainda sem calçamento encantam os visitantes e à noite o lugar se torna um ponto de encontro de boêmios.

Antiga vila de pescadores, guarda até hoje as características de vila. Fica próxima à foz do Rio Jucu, onde nos fins de tarde a atração é a revoada das garças boiadeiras. O Rio Jucu é um rio histórico, que serviu às primeiras investigações do sertão capixaba, nos primórdios da nossa história. Foi o rio que permitiu o desbravamento do interior dos municípios de Vila Velha, Cariacica e Viana. Veja texto escrito por Dom José Caetano da Silva Coutinho, em visita datada de 1812:

“Os moradores de Ponta da Fruta, e da Barra do Jucu, que pertencem à Freguesia de Vila Velha, ficam quase sempre sem Missa por causa da sua pobreza, e distância, em que moram; e por isso deixei Portaria de Oratório na Fazenda do Jucu do Coronel Bernardino Falcão de Gouveia Vieira Machado, com Cemitério, e Pia batismal, por toda a sua vida, e tudo dependente do Pároco. Este homem é muito celebrado pela sua riqueza, ambição, bazófia, e gênio satírico, e engraçado; E nós andamos debaixo de sua proteção quase um mês, e lhe ficamos muito obrigados. No dia 13 de Outubro subimos nas suas Canoas pelo Rio Jucu, e viemos pela sua Vala, ou Canal entrar na Vila da Vitória Capital da Capitania do Espírito Santo pelo meio-dia, e no Escaler do Governo com dez Remadores Índios, comandado pelo Capitão de Milícias, Francisco Guimarães, que ficou meu Afilhado. Desembarcamos no Cais do Palácio do Governo.”

A Barra do Jucu é muito famosa pela praia utilizada para a prática de surf e bodyboard e pelas tradicionais Bandas de Congo. Oferece também uma boa culinária à base de peixes e de frutos do mar.

Pela Barra do Jucu, chega-se à Reserva Ecológica de Jacaranema através da Ponte da Madalena, feita para pedestres. A Ponte da Madalena foi construída em 1996.

Possui inúmeras praias, muito frequentadas por surfistas e pelo pessoal que gosta desse esporte. No local acontecem campeonatos de “surf”, alguns deles de nível nacional, Bodyboard e Canoagem sobre as ondas, de onde já saíram campeões mundiais. Apesar disso, durante quase todo o tempo, o lugar é calmo e suas praias são procuradas por quem quer sossego.

Na Barra do Jucu, os visitantes podem apreciar as Bandas de Congo, que perpetuam um ritmo inédito, herdado de índios e negros, são parte integrante da cultura popular “capixaba”.

A escritora Marilena Soneghetti, traduziu a alma da Barra do Jucu:

“A Barra do Jucu é o bairro onde moro, na desembocadura do Rio Jucu; pouco mais que uma vila de pescadores, perdida no tempo, preguiçosa e lânguida. Após rodar o mundo e viver longos anos em São Paulo, (uma loucura!) e tendo meu marido se aposentado, escolhemos para viver esse lugarzinho tranqüilo, alegre, cheio de gente interessante. Quem não é pescador ou lavadeira é musico, pintor, poeta, jornalista e alguns maluquinhos (B.J. está se tornando um reduto de artistas); tudo muito democrático, o que resulta em boa convivência.. As ruas são de terra, o comércio é mínimo. Tem pracinha, Igrejinha, criança soltando pipa, cachorro dormindo no meio da rua, revoar de garças ao fim da tarde, uma praia de altas ondas, colorida de surfistas, o Morro da Concha que esconde uma enseada mansa cheia de barcos, e a permanente brisa do mar que nos (des)penteia e refresca. Não tem jeito; quem mora aqui, vive impregnado de poesia”.

Por Walter de Aguiar Filho, junho/2012 (em www.morrodomoreno.com.br)