Inventário do Congo da Barra do Jucu
APRESENTAÇÃO
O presente, o constante, o cotidiano, aquele que vemos todos os dias e já nos é tão habitual que pensamos por muitas vezes ser o óbvio, aquilo que todos pensam, o comum, ou mais do mesmo.
Foi com o desafio de superar essa visão, de um mundo que já nasce pronto e não se da a chance de ter sua origem revisitada que aceitamos a proposta de realizar um breve estudo sobre a cultura popular tradicional presente em uma das mais emblemáticas comunidades tradicionais do Estado do Espírito Santo, a charmosa Barra do Jucu, mais especificamente sobre este, que talvez seja, o principal folguedo capixaba, o Congo.
Há pelo menos 40 anos o Congo da Barra do Jucu mantém uma relação estreita com os processos de espetacularização desta manifestação, impulsionando sua popularização, além do debate sobre a necessidade de politicas públicas para o setor e de alguma forma contribuindo para a consolidação de seu potencial como produto cultural capaz de gerar riqueza e renda ao mesmo tempo em que simboliza a unidade do território capixaba.
Sem a pretensão de ser uma obra exaustiva ou que resolva os perenes conflitos internos às manifestações, ou bandas de Congo, este trabalho pretende reunir um bom punhado de informações que sejam capazes de traçar um perfil do Congo na comunidade da Barra do Jucu de forma sistemática e que sirva como material de apoio para aqueles que se interessem pelo tema, seja como forma de conhecer um pouco mais da cultura local, ou aos que se dedicam às pesquisas nas mais variadas áreas do saber. Ao passo que o material também foi concebido para integrar a gama de produtos culturais disponibilizados pelo Museu Vivo da Barra do Jucu em sua página virtual.
A produção do material só foi possível com os recursos disponibilizados pela Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo através do prêmio para Pontos de Memória, por meio do Funcultura, no ano de 2021 e portanto faz parte de um grande esforço do Estado em promover a valorização de territórios, comunidades e grupos que atuam em defesa e na reprodução das culturas populares tradicionais.
AGRADECIMENTOS
Às bandas de congo, tradicionais e de recente trajetória, Mestre Alcides, Mestre Honório, Tambor Jacaranema e Raízes da Barra pela disponibilidade em participar das atividades, planejamentos, entrevistas e compartilhamento de fotografias, vídeos que compõem grande parte de suas história. Também registramos o agradecimento pelo compromisso devoto e perene à causa das tradições populares capixabas.
Agradecemos aos mestres, antigos que por aqui passaram e, com força, carregaram o mastro e permitiram que os tambores continuassem soando alto entre as águas do rio Jucu e do Oceano Atlântico. Dentre eles destacamos os que foram lembrados e citados durante as entrevistas: Avigencio, Elza, Aurea, Ester, Mestre Alcides, Mestre Honório, Zé Silva, Bagaceira, Dona Darcy, Aroldo, Geovane, João, Onofre e tantos outros.
Agradecemos à Diretoria Executiva do Museu Vivo da Barra do Jucu por acreditar que projetos como este são importantes e necessários para a reflexão da nossa identidade e para nos entendermos como um só povo e que consciente de si precisa, sempre, se mover na direção do progresso, igualdade e liberdade.
Agradecemos à Secult-ES pelo financiamento do projeto através do prêmio para Pontos de Memória através do Funcultura, no ano de 2021 e por fim ao IPHAN que se fez presente no Seminário de Museologia Social do Museu Vido da Barra do Jucu e contribuiu ativamente nas indicações de sistematização e apresentação dos dados.
INTRODUÇÃO
O Congo é uma das manifestações populares mais citadas quando se trata de cultura capixaba, por isso foi reconhecido como Patrimônio Imaterial do Estado do Espírito Santo, no ano de 2014 pelo Conselho Estadual de Cultural e existe projeto em andamento para Registro pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – e, no mesmo sentido, a Prefeitura de Vila Velha criou, a partir de uma lei municipal, a Semana do Congo, com o objetivo de refletir sobre a importância deste patrimônio para o município.
O presente trabalho se filia aos esforços do Museu Vivo da Barra do Jucu para manter um acervo digital e permanente sobre os símbolos e elementos da cultura popular tradicional que sirva de referência para a comunidade local, como ferramenta de organizar a defesa e luta pelos direitos dos grupos que a compõem, ao mesmo tempo em que sirva de material de apoio para pesquisadores das mais diferentes áreas do saber. O projeto também se filia aos esforços para criação de uma rede nacional de Pontos de Memória, locais de reconhecimento para a salvaguarda e proteção das culturas locais, tanto em nível federal, quanto em nível estadual, uma vez que recebeu recursos do Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo.
Para a realização da pesquisa foi composta uma equipe com representantes da comunidade, da diretoria executiva do Museu Vivo e uma equipe especializada em pesquisa a área de antropologia, sociologia, história e comunicação visual. Como método a pesquisa utilizou dos pressupostos apresentados no Manual de Aplicação Educação Patrimonial: Inventários Participativos, de onde foi extraída e utilizada como base para o questionário de aplicação a ficha de Expressões.
Banda de Congo Mestre Alcides
Banda de Congo Mestre Honório
Banda de Congo Tambor Jacaranema
Banda de Congo Raízes da Barra