Rio Jucu

O Rio Jucu, que cedeu seu nome à comunidade que se formou onde ele finalmente encontra com o mar, é genuinamente capixaba. Tem uma extensão de 166 km, desde a nascente, em Domingos Martins, até a foz, na Barra do Jucu, em Vila Velha. É formado por dois braços: o Sul e o Norte, que se unem na divisa dos municípios de Domingos Martins e Viana. Juntamente com o Rio Santa Maria da Vitória, é responsável pelo abastecimento de água da Grande Vitória.

Sua bacia hidrográfica abrange uma área de 2.220 km², na qual estão situados os municípios de Domingos Martins e Marechal Floriano e parte dos municípios de Viana, Vila Velha, Cariacica e Guarapari. Atualmente o Rio Jucu sofre muito com a poluição gerada por esgotos domésticos, industriais e da agricultura que são lançados, sem nenhum tratamento, em seu leito. O assoreamento, causado principalmente pelo desmatamento das matas ciliares, também é grave problema.

Há mais de 30 anos, a sociedade civil vem organizando protestos como forma de denunciar os problemas enfrentados pelo Rio Jucu e, consequentemente, pela população do entorno. A situação vem piorando drasticamente nos últimos anos, com fechamento frequente da boca do Rio, impedindo seu deságue no mar e gerando problemas como inundações de quintais na Barra do Jucu. O parecimento de toneladas de peixes mortos no leito do Rio também foi um acontecimento marcante dos últimos anos.

Recorte do Jornal A Tribuna (26/08/2007), mostrando o encontro dos braços Sul e Norte do Rio Jucu.

História

A história do Rio Jucu se entrelaça com a história do Espírito Santo. A primeira informação registrada sobre atividade pesqueira na foz do Rio Jucu se deu pelo governador da Capitania, Ignácio Monjardino, numa informação à Coroa Portuguesa, a partir do seguinte relato:

 “…o Jucu sobe até o primeiro cachoeiro oito nove léguas para parte sul, e dele sai um ramo que desemboca ao mar, a que chamam barra de Jucu, que dista três léguas e, da vila do Espírito Santo, conjunta à barra desta capital, duas léguas. Pelo dito ramo de rio, e sua barra, entram canoas; e por detrás de um morro fica um remanso, onde há sua pescaria, a que faz o melhor abrigo deste lugar” (NEVES, 2000, pg.134).

O príncipe alemão Maximiliano, em 1815, em viagem pelo Brasil, passa pelo povoado de onde se instalou por dois meses, visitando e realizando anotações importantes acerca da Barra do Jucu e de Araçatiba:

 “Barra de Jucu é uma pequena aldeia de pescadores à beira do rio Jucu, que aí desemboca para o mar, depois de um percurso cheio de coleios através das florestas, desde grandes fazendas Coroaba e Araçatiba. O peixe é abundante, e perto das margens há muitos lugares pitorescos e agrestes. As casas dos pescadores de Barra do Jucu ficam mais ou menos dispersas; no meio delas, próximo a ponte sobrê o rio, esta a casa do coronel Falcão” (MAXIMILIANO, 1989, pg. 143).

Em 1818 August Saint-Hilaire, botânico, naturalista e viajante francês, também passou pelo povoado, deixando o seguinte relato:

 “Pouco mais ou menos a meio caminho, encontrei a Ribeira do Jecú, perto da qual estão espalhadas algumas choupanas. Passa-se sobre esse pequeno rio por uma ponte de madeira, cuja entrada é fechada por uma grande porta, ao passar a qual, é exigido tributo. O jecú se lança no Oceano, pouco abaixo da ponte, mas sua embocadura tem pequena profundidade para dar entrada a outros barcos além de pirogas”.