Congo – Materiais e Infraestrutura

Eu já ouvi o galo cantar
E a barra do dia nascer.
Toda vez que o galo canta
meu coração quer morrer.
Acorda Maria meu bem
Que a barra do dia já vem.

Jongo cantado pelas bandas de congo da Barra do Jucu

Materiais e Modos de fazer

O congo tem como principais instrumentos a caixa, os tambores, as casacas e os chocalhos. Também são utilizados: cuícas, pandeiros, triângulos, chique chique, entre outros.

Os Mastros hoje são feitos com grandes árvores de eucalipto, de reflorestamento. Antigamente eram de árvores da mata, retiradas na Boca do Mato, em Jabaete. É feita uma festa no dia da cortada ou tirada do Mastro, que não acontece todo ano, pois atualmente um Mastro é usado por vários anos aqui na Barra.

Nas festas da Fincada e da Retirada do Mastro de São Benedito e de São Sebastião, o mastro é carregado nas costas pelas principais ruas da Barra do Jucu pelos os guardiões do mastro, que devem carregar e proteger o mastro e a bandeira do santo. Os guardiões são pré-selecionados e tem uniforme próprio nas cores de cada Banda de Congo.

Outro material necessário são tintas nas cores das bandas, para pintar o Mastro, as laterais da bandeira, os suportes dos estandartes e os instrumentos, principalmente os tambores, casacas e chocalhos. Fogos de artifício são muito utilizados para convocar os conguistas, chamar a atenção para a festa e enfeitar a comemoração.

São feitos alimentos e bebidas especiais para antes e depois da festa: o bolo com as medalhas de São Benedito, pela-égua, caldo de mocotó, caldo de peixe ou camarão, caldo de feijão ou verde, cachorro-quente etc.

As bandeiras e estandartes são feitos por artistas locais, a pedido das bandas: Kleber Galvêas, Heide Liibermann, Marilena Soneghete, Zeiza Jorge, Rodrigo, entre outros, levando em conta a paisagem local e a imagem de São Benedito.

O jongos (as músicas do congo) se dividem em dois tipos, em relação a letra: os jongos sem versos improvisados, com a mesma letra consagrada se repetindo; e os jongos com verso criados na hora, onde acontece o improviso, parecido com o repente nordestino, uma espécie de jornalismo local, mas que hoje também dá conta de acontecimentos estaduais, nacionais e mundiais.

As Bandas de Congo da Barra tocam durante todo o ano, são convidadas para eventos em várias partes do Município, do Estado, do Brasil e até alguns lugares do mundo.

 

Expressões orais e corporais

Durante as festas dos santos os Mestres puxam orações em sua homenagem, antes do cortejo sair pelas ruas da Barra e durante o cortejo são dados vivas aos santos e as Bandas de Congo. As imagens dos santos acompanham o cortejo.

A dança incorpora elementos indígenas, africanos e portugueses. Seu Alcides dançava com a mão na cintura, seu estilo virou moda, parece um pouco com o vira português abrasileirado, com aspectos dos índios e negros. As danças acontecem nos momentos em que os jongos estão sendo executados. As mulheres são mais performáticas mas os homens também dançam. Existem outras formas de dançar o congo, todas claramente misturando elementos das culturas dos índios, dos negros e dos portugueses.

 

Uniformes

Os uniformes para as princesas e rainhas do Congo são saias e blusas, nas cores de cada banda. Estas mulheres que levam os estandartes e as bandeiras das bandas. O uniforme dos homens são bermudas, calças e camisas nas cores da banda. Algumas bandas usam calçados próprios, conga ou sandália franciscana e chapéu de palha. Os guardiões do mastro, nos dias de festa, também usam uniforme nas cores da banda, bermudas, coletes e camisas.

Uma princesa carrega a imagem de São Benedito e outras, cestas com pétalas de rosas, que são atiradas sobre as pessoas e sobre a imagem do santo.

O Mastro algumas vezes é carregado em uma réplica de navio, que representa o navio Palermo, um dos navios negreiros naufragados na costa do Espírito Santo, que deu origem a lenda do Mastro de São benedito.

 

Infraestrutura

Toda Banda de Congo precisa de uma sede, lugar para guardar os instrumentos, os adereços, o mastro, a bandeira etc. Também para guardar fotos, vídeos, documentos, livros e outros materiais de memória e arquivo. Esse lugar serve ainda para realizar as reuniões ordinárias de organização e os ensaios. Deveria haver um espaço apropriado para isso aqui na Barra, as ainda não existe. O que existe são lugares improvisados nas casas de alguns conguistas abnegados.

Para manter a qualidade da manifestação e das festas é necessário o investimento de algum recurso, que os conguistas não tem, mas acabam gastando para essa manutenção, e que sempre faz muita falta, pois os conguistas passam por sérios apuros econômicos. Precisam comprar e reformar instrumentos, fazer uniformes, comprar tintas e materiais para decoração, fogos de artifícios, fazer faixas e cartazes, alimentação para os conguistas, às vezes necessitam de transporte etc.

Atualmente, algumas pessoas conseguem gerar renda produzindo objetos relacionados com a cultura do Congo. Um exemplo é a artesã Zeiza Jorge, que produz belos estandartes nos mais variados tamanhos e nos motivos com imagens de santos em paisagens locais, muito enfeitados com fitas multicoloridas, como os utilizados pelas bandas. Várias miniaturas feitas por ela estão espalhadas pelo mundo. Artesãos como Seu Daniel e Mestre Vitalino, geram renda a partir da produção de tambores e casacas.

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